quinta-feira, 1 de abril de 2010

O QUE É ADVAITA VEDANTA?


A doutrina principal do Advaita é que apenas o Absoluto (Brahman) é Real e que o mundo e toda a criação é irreal, sendo que toda e qualquer modificação, dualidade, pluralidade – seja objetiva ou subjetiva – é apenas uma superimposição, uma imagem que é sobreposta no Absoluto através do poder da ilusão (maya). Como o Absoluto é imutável e sem atributos, a criação é negada, uma vez que o absoluto não pode criar, devido a sua própria “infinitude”, digamos assim, e também porque não pode haver nada “fora” ou “diferente” do absoluto. O Absoluto é o oceano de Ser-Consciência-Beatitude (sat-chit-ananda), sendo Real, enquanto que tudo o que nele surge e desaparece é transitório, limitado e, portanto, irreal. Nas palavras de Shankara, o ensinamento Advaita central é que “o absoluto é real, o universo é ilusório, e a alma individual não é diferente do absoluto”. Embora a alma individual (jiva) seja vista como parte do mundo ilusório, e portanto irreal, a “testemunha” que há por trás dela (a Consciência), ou Eu Real, é tido como sendo um com o Absoluto.
Para o Advaita a ilusão, ou ignorância espiritual, não é real, mas apenas uma falsa-percepção. Os Upanishads explicam que Maya (ilusão cósmica) causa o surgimento do universo e que avidya (ignorância individual) é responsável por o absoluto Ser parecer ser uma multidão de almas individuais (jivas). Assim, através da ação inexplicável da ignorância, o Absoluto ou Eu Real (Brahman ou Atman), cuja natureza é Ser-Consciência-Beatitude, encontra-se preso em um complexo corpo-mente, acreditando-se e vivendo como se fosse um ser limitado e individual, enquanto que na verdade é apenas existência impessoal e eterna. A metáfora mais utilizada pelas escrituras é a situação de um homem que abre a porta de um quarto escuro e, naquele momento, uma corda que estava em uma prateleira cai no chão, e o homem, devido à pouca luz existente no recinto, acredita ter visto uma cobra, enchendo-se de medo. De igual maneira, ensinam os mestres, nós acreditamos ser um ser individual, limitado a um corpo-mente, vivendo em um mundo exterior, objetivo, substancial e real, enquanto que tudo isso não passa de um sonho, um engano, uma miragem, e nós somos, agora e sempre, apenas o Eu Real ou Self.


Nenhum comentário:

SER

  “Nada pode atingi-lo. Você é intocado. A mente deve chegar ao ponto de uma compreensão completa da ilusão. Ali jaz o seu estado. Nada perm...