"Estou sempre a pensar que o consegui; mas depois dou com a cara no chão.
Há algum momento em que a entrega e a determinação terminem?"
Não. Determinação, que é entrega, é gloriosamente necessária enquanto o corpo
respirar.
Eu digo-te continuamente que ser é naturalmente fácil; no entanto, é apenas
experienciado como fácil se fores verdadeiro para com a Verdade. Não o ser
verdadeiro para com determinados fenómenos que ocorrem. Não o ser verdadeiro
para com determinadas explosões bioquímicas. Se fores verdadeiro para com os
fenómenos, irás então pelo caminho que a existência condicionada tem seguido ao
longo dos tempos. Eu prometo-te isso. Mas não tens de confiar nas minhas
promessas. Simplesmente diz a verdade sobre as tuas próprias experiências ao
longo do tempo e verás que assim é. É uma dura verdade porque há muita
idealização infantil sobre a forma como as coisas deveriam ser.
Essa dura verdade, se encontrada na determinação pela verdade absoluta, não é
nada. Sem esforço. O esforço, a luta e a experiência de dar com a cara no chão,
vêm da tentativa de apegar-se a determinado fenómeno ou de tentar conseguir
algo outra vez, ou tentar algo em algum outro lugar. Quer seja o fenómeno
chamado poder pessoal ou o fenómeno chamado excitação sexual, ou o fenómeno
chamado poder espiritual, são tudo armadilhas da mente.
Tu não podes fazer o
Silêncio. Tu és o Silêncio. Sê quem és. Sê silencioso – absoluta, completamente
silencioso – e vê aquilo que é anterior a qualquer pensamento, a qualquer
conceito, a qualquer imagem de quem, ou do quê, ou de quando, ou de como, ou de
porquê.
O Silêncio é a presença do Ser. Tu és a presença do Ser. Recebe-te a Ti mesmo.
Bebe-te a Ti mesmo. Alimenta-te de Ti mesmo. Começa a tua exploração dAquilo.
Esta oferta de ensinamento é
uma entrega à vida, uma sutil intenção de soltar e largar as tensões lutando
com o que quer que seja imaginário. Suscita um
prazer de viver o momento, com todo o amor, toda a simplicidade, toda a
intensidade que o momento oferecer.
Há profundezas e mais profundezas a serem descobertas depois que a mente entra na corrente, depois que a mente está aberta em direção ao infinito”, diz o professor budista Jack Kornfield. Os mestres deixam claro que acordar é despertar primeiramente para o que você É. A partir de então, há um mundo de aprofundamentos magníficos que o esperam até a derradeira liberação completa. Ou seja, acordar é perceber que não existe você fazendo a busca, mas simplesmente a Vida buscando a fonte e origem dela mesma através de uma pessoa chamada você.